Pouca transparência e falta de atas: por que há países desconfiados com o resultado das eleições na Venezuela
Conselho Nacional Eleitoral informou nesta segunda (29) que Nicolás Maduro venceu as eleições presidenciais com 51,2% dos votos com 80% das urnas apuradas. Países que contestaram resultado pedem liberação dos resultados completos das urnas e respeito da vontade popular. Montagem com fotos de Maduro, González e Maria Corina
Reuters
Diversos presidentes dos países e autoridades internacionais se manifestaram desde que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, reivindicou a vitória nas eleições nesta segunda-feira (29).
O Conselho Eleitoral Nacional da Venezuela (CNE) informou nesta segunda que, com 80% dos votos apurados, Maduro venceu o pleito com 51,2% dos votos. A oposição contesta os números e diz que Edmundo González foi o vencedor com cerca de 70% dos votos.
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A última atualização dos números do CNE foi na madrugada de segunda, quando o site do CNE saiu do ar –segundo o órgão, seu site sofreu um ataque hacker. Maduro, que aliado do presidente do Conselho, Elvis Amoroso, também disse que o CNE foi atacado.
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Mais de 10 países --entre eles EUA, Reino Unido, Chile, Alemanha, Argentina, Uruguai, Espanha, Itália, Equador, Peru, Colômbia, Guatemala, Panamá, Costa Rica e Portugal --e a União Europeia contestaram o resultado das eleições. Esses países dizem que não aceitam o anúncio de vitória de Maduro e apresentaram os seguintes argumentos em suas declarações:
Não houve transparência no processo eleitoral;
Querem a publicação integral dos resultados das urnas --as chamadas atas, que registram os votos em cada seção eleitoral;
A vontade popular tem que ser respeitada --como não houve a divulgação dos resultados, não há como saber se isso aconteceu.
O governo brasileiro adota cautela com relação ao resultado das eleições e, apesar de não ter contestado explicitamente como os acima, observa "com atenção" e também aguarda a publicação das atas, que é "passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito".
"O fato principal que nos leva a ser cauteloso é que não deram o resultado público mesa por mesa, porque o governo deu até agora é um número, mas tem que mostrar como chegou nesse número: ata por ata", diz Celso Amorim, assessor de Lula para assuntos internacionais.
Por outro lado, outros países --como a Rússia, a China e o Irã-- parabenizaram Maduro pela vitória. Veja a lista completa de quem contestou os resultados e quem defendeu o presidente venezuelano.
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Resultado contestado
O resultado da eleição da Venezuela é alvo de desconfiança de especialistas e autoridades internacionais depois de o presidente Nicolás Maduro, no cargo há 11 anos, ter sido declarado vencedor pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE). O órgão responsável pelas eleições no país é presidido por um aliado de Maduro. Se o sucessor de Hugo Chávez perdesse, a oposição chegaria ao poder depois de 25 anos.
Neste ano, duas candidatas de oposição foram impedidas de concorrer pelo Conselho Nacional Eleitoral.
De acordo com CNE, até a madrugada desta segunda-feira, com 80% das cédulas apuradas, Nicolás Maduro foi reeleito com 51,2% dos votos, enquanto seu opositor, Edmundo González, recebeu 44%. A oposição contesta os números e diz que o González venceu Maduro com 70% dos votos.
Segundo o CNE, liderado por um aliado do presidente venezuelano, Maduro teve 51,2% dos votos e o principal candidato da oposição, Edmundo González, 44%. O resultado indica uma diferença de 704 mil votos entre os dois candidatos – como os dados finais ainda não foram divulgados, esses números devem mudar.
Minutos após a divulgação do resultado, Maduro disse em discurso a apoiadores em frente ao Palácio de Miraflores, sede do governo venezuelano, que sua reeleição era o triunfo da paz e da estabilidade.
"O povo disse paz, tranquilidade. Fascismo na Venezuela, na terra de Bolívar e Chávez, não passará", disse Maduro.
Com o resultado, Maduro – um ex-motorista de ônibus de 61 anos que se tornou chanceler da Venezuela – deve permanecer mais seis anos no poder em Caracas, chegando a 17 anos no comando do país. Hugo Chávez governou a Venezuela por 14 anos até sua morte, em 2013.
A oposição, que tem denunciado irregularidades, contestou os números divulgados pelo CNE, e disse que, em suas contas, Edmundo González teve 70% dos votos e Maduro, 30%. Resultados de duas pesquisas de boca de urna divulgadas pela agência Reuters indicavam vitória de Gonzáles com larga vantagem.
"Queremos dizer ao mundo que a Venezuela tem um novo presidente eleito e é Edmundo González", disse Maria Corina Machado, a líder da oposição que foi impedida pelo regime de Maduro de disputar a eleição.
Em breve discurso, González – que assumiu a candidatura após o impedimento de Maria Corina – disse que "não descansaremos até que a vontade popular seja respeitada".
De acordo com o CNE, 59% dos eleitores participaram da votação – 13 pontos acima dos 46% registrados em 2018, quando Maduro conquistou seu segundo mandato em um pleito marcado por denúncias de fraude, boicote da oposição e alta abstenção.
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